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O Vazio de Liderança Americana e o Avanço dos Autocratas

Donald Trump, com a sua retórica agressiva e políticas erráticas, está a conduzir os Estados Unidos por uma rota suicidária. E não apenas no plano interno, onde polariza a sociedade e mina a democracia, mas também no xadrez global, onde desmantela alianças históricas, fragiliza a economia americana e cede terreno às potências autoritárias.

Ao abandonar o multilateralismo e declarar guerra à globalização, Trump cria vácuos. E a história ensina-nos que o vácuo de liderança nunca dura: alguém o preenche. E quem o está a preencher são dois regimes com visões autoritárias e agendas expansionistas claras: a China de Xi Jinping e a Rússia de Vladimir Putin.

No plano económico, Trump aposta no protecionismo, nas tarifas e na retórica do “America First”. Mas, paradoxalmente, isso enfraquece o papel global dos EUA como epicentro do comércio internacional. Ao afastar aliados, insultar parceiros e desvalorizar tratados, empurra a Europa, a Ásia e a África para os braços de Pequim. A China, com a sua Belt and Road Initiative, os BRICS e os seus acordos bilaterais, ocupa o espaço económico e diplomático que Washington deixa vago.

No plano militar, a situação é ainda mais grave. Trump tem ameaçado sistematicamente a NATO, colocado em causa o compromisso de defesa mútua e insinuado que os EUA não protegerão aliados que não “pagam o suficiente”. Isso enfraquece a dissuasão militar ocidental e dá a Putin a confiança para agir. É o que se viu na Ucrânia. E poderá repetir-se nos Bálticos, na Moldávia, ou mais longe.

Putin não ignora. Observa. E percebe que, com Trump, os Estados Unidos não são mais uma liderança confiável, mas uma potência em conflito interno permanente. É essa percepção que lhe dá margem para violar tratados, anexar territórios e desafiar abertamente a ordem internacional.

O resultado é claro: com o colapso da liderança americana, os autocratas prosperam. A China consolida influências, a Rússia avança militarmente, e o mundo caminha para uma nova era de alianças instáveis, confrontos regionais e retrocessos democráticos.

Trump não apenas enfraquece os EUA. Enfraquece o Ocidente, a democracia e o equilíbrio global. E se o mundo livre não encontrar uma nova referência de liderança e coragem, veremos um século XXI moldado por tiranos e sustentado por silências.

O tempo de despertar é agora. Porque o vazio, esse, já está a ser ocupado.

Francisco Gonçalves

Créditos para IA, chatGPT e OpenAI (c)

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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