Diplomacia,  Política Internacional

Trump, Tarifas e a Economia como Bomba de Fumo

Donald Trump anunciou ontem uma nova vaga de tarifas sobre exportações para os Estados Unidos. A medida, apresentada como um acto de protecção patriótica, é na realidade um disparo directo contra a própria economia americana. Mas isso pouco importa ao ex-presidente. Trump não governa com base em análise económica, mas sim em espectáculo e percepção. A economia, para ele, é uma bomba de fumo: serve para encobrir o vazio das soluções reais com os fogos-de-artifício da retórica.

O proteccionismo anunciado pode entusiasmar os seus apoiantes mais fervorosos, mas vai provocar aumento de preços para os consumidores, retaliações de parceiros comerciais, perdas para as indústrias que dependem de cadeias globais de produção e um agravamento da inflação. É um manual de erros económicos repetido com orgulho, como se fosse novidade.

Mas Trump não quer ouvir. Rodeou-se de bajuladores, não de conselheiros. A verdade é indesejada no seu círculo, porque a verdade é incômoda e não gera aplausos. A sua política comercial não visa a sustentabilidade, mas sim o impacto emocional imediato. Ele não se guia por indicadores económicos, mas por aplausómetros em comícios.

O problema é que a economia real não se governa com slogans. Quando os custos começarem a subir, quando os agricultores e indústrias virem os seus mercados externos fecharem, quando as relações comerciais forem corroídas pela desconfiança, será o próprio povo americano a pagar a factura do delírio.

Esta vaga de tarifas é mais uma jogada eleitoral com efeitos colaterais globais. Não é estratégia, é improvisação populista. Não é liderança, é ruído.

E o mais assustador é que, apesar de tudo, ainda há quem aplauda.

E é sobretudo uma ironia da história em pleno: enquanto Trump acena com bandeiras e promessas vazias, a China observa, serena, estratégica, paciente — e aproveita cada fissura que ele abre no edifício económico e diplomático americano. Ele desfaz alianças, impõe tarifas, desacredita instituições multilaterais, e com isso… dá espaço à China para liderar sem disparar um único tiro.

Ao contrário da gritaria de Trump, a China joga xadrez — pensa em décadas, não em ciclos eleitorais. Investe em tecnologia, influência global e diplomacia econômica. E enquanto os EUA, sob a mão de um populista cego, se retraem do mundo, Pequim avança com calma e cálculo.

Se a América continuar neste rumo, vai descobrir que o verdadeiro “America First” acabou por ser… “China First — cortesia de Donald J. Trump”.

Francisco Gonçalves

Créditos para IA e chatGPT (c)

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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