Portugal: Onde Pensar é Revolta, e a Corrupção é Cultura

Em Portugal, pensar tornou-se um ato de insubmissão. Quem questiona é logo visto como perturbador, quem propõe mudanças é tratado como lunático, quem insiste em sonhar com um país melhor é desdenhado como ingênuo. A sociedade civil está moribunda, afogada num mar de apatia, divisão e fatalismo. Cada um por si, todos contra todos. O “salve-se quem puder” substituiu a solidariedade, a esperteza é admirada, a inteligência marginalizada.
Os partidos políticos, todos sem excepção, vivem à conta do erário público como príncipes de um regime feudal moderno. Câmaras municipais e empresas públicas e privadas alimentam-se da gordura do Estado, enquanto o contribuinte geme sob o peso de impostos, taxas, e burocracias que nada produzem para o bem comum. O Estado gasta sem conta, sem transparência, sem responsabilidade. As contas públicas são um labirinto opaco, onde ninguém sabe quantos imóveis o país possui, nem quem se serve deles. Presidentes de câmara “vendem” património público como se fosse herança pessoal. E ninguém responde por isso.
A imprensa, dependente de subsídios estatais, abdicou da sua missão fiscalizadora. Em vez de informar, adormece. Em vez de denunciar, distrai. Em vez de libertar consciências, tece novelos de trevas. A opinião pública é manipulada, entretida com escândalos estéreis e debates artificiais, enquanto os verdadeiros problemas se afundam no silêncio.
Os raros movimentos de cidadania que surgem, cheios de intenções nobres, logo se corrompem, transformando-se em partidos e adaptando-se ao modelo que diziam combater. A engrenagem é tão poderosa, tão absorvente, que nem os bem-intencionados resistem ao perfume do poder fácil.
E no meio de tudo isto, a educação para a cidadania é inexistente. A ignorância grassa como erva daninha, e o povo, perdido em desesperança, vai sobrevivendo entre subsídios e pequenas trapaças. Os que têm arte para a esperteza, enriquecem com a corrupção. Os outros, resignam-se à pobreza subsidiada.
Romper com este ciclo é um trabalho inglório. Porque o povo já não acredita em nada nem em ninguém. Porque a desconfiança é geral, e a esperança parece ter emigrado também. Mas enquanto houver quem pense, quem escreva, quem resista, há uma centelha viva no escuro. E é por essa centelha que vale a pena lutar.
Sim, em Portugal, pensar é um ato de revolta. Mas talvez seja precisamente isso que nos resta: pensar mais, pensar melhor, pensar alto — até que o pensamento se transforme em acção, e a ação em verdadeira mudança.
Creditos para DeepSeek e ChatGPT (c)