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PSD, Empresas Paralelas e a Névoa da Credibilidade


Nos últimos meses, Portugal tem sido confrontado com revelações inquietantes sobre a promiscuidade entre negócios privados e funções públicas no seio da liderança do Partido Social Democrata (PSD). Depois da polémica que envolveu Luís Montenegro e a empresa familiar Spinumviva, surge agora o nome de Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, ligado a uma empresa privada cuja atividade levanta suspeitas semelhantes.

A Capítulo Universal, criada por Hugo Soares e sua esposa em 2020, dedica-se à consultoria e gestão de imóveis. Desde então, faturou quase 700 mil euros, atingindo o seu pico precisamente em 2024 — ano em que Soares assumiu a liderança parlamentar do partido. A coincidência temporal entre o crescimento do negócio e a ascensão política não passou despercebida, suscitando legítimas interrogações sobre conflitos de interesse, uso de informação privilegiada ou, no mínimo, a falta de separação clara entre o exercício da função pública e os interesses privados.

Este novo caso vem agravar a desconfiança da opinião pública num momento em que o PSD tenta afirmar-se como alternativa de governação. Em vez de uma imagem de renovação, transparência e rigor, os eleitores veem surgir uma teia de negócios pessoais, empresas de faturação veloz e uma opacidade difícil de justificar.

A pergunta impõe-se: como podem figuras públicas exercer cargos de elevada responsabilidade e, ao mesmo tempo, gerir negócios que crescem na sombra da sua influência política? Será esta mais uma repetição do padrão que já vimos noutras forças políticas, como o PS de José Sócrates ou António Costa?

A democracia não pode permitir-se o luxo de tolerar esta promiscuidade sem consequências. O país carece de líderes comprometidos com o serviço público e não com o enriquecimento privado. Empresas de fachada, rendimentos exponenciais, sociedades familiares e picos de faturação coincidentes com a ascensão política — tudo isto mina a confiança do povo, já tão fustigado por décadas de escândalos.

Este cenário repete-se como um ciclo vicioso: partidos que prometem mudar Portugal, mas que acabam por instalar-se no poder apenas para se servirem dele. O povo começa a perceber que os verdadeiros interesses que se defendem em São Bento, na maior parte das vezes, não são os da maioria, mas os de uns poucos bem posicionados.

Se Montenegro já tinha perdido muita da sua credibilidade, a revelação sobre Hugo Soares reforça a perceção de que o PSD sofre de um problema estrutural: a captura do aparelho por interesses próprios, em vez de uma liderança comprometida com o bem comum.

É tempo de exigir uma política limpa. O país precisa de políticos que não tenham empresas paralelas com faturações suspeitas, mas sim uma visão clara para o futuro de Portugal.


Francisco Gonçalves

Colaboração de DeepSeek e ChatGPT (c)

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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