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Putin: A Criatura Sombria Num Mundo de Seres Humanos

Num planeta onde os seres humanos lutam, com dificuldade, pela construção de uma civilização baseada na dignidade, no respeito mútuo e na justiça, há figuras que desafiam esses valores à luz do dia — e o fazem com impunidade. Vladimir Putin é, sem qualquer eufemismo, uma dessas criaturas que parecem ter emergido das entranhas mais obscuras da história, alimentando-se do medo, da repressão e da manipulação descarada da verdade.

Um ditador pós-moderno disfarçado de estadista

Putin não é um erro isolado do nosso tempo. Ele é o produto perfeito de décadas de fragilidades institucionais, de cumplicidades económicas e do fracasso coletivo em impedir o retorno dos fantasmas autoritários do século XX. Após a queda da União Soviética, a Rússia teve uma oportunidade única de se reconstruir como uma sociedade aberta, moderna e democrática. Mas Putin, um ex-agente do KGB treinado para desconfiar, manipular e eliminar, rapidamente percebeu que a liberdade era um obstáculo ao seu verdadeiro propósito: a centralização absoluta do poder e a sua própria imortalização como czar contemporâneo.

Assassinos, venenos e janelas

A lista de opositores que desapareceram, foram envenenados, exilados, presos ou simplesmente caíram de janelas é tão longa quanto perturbadora. Anna Politkovskaya, Boris Nemtsov, Alexei Navalny (agora mártir da liberdade), entre tantos outros nomes, simbolizam não só a repressão feroz contra quem ousa desafiar Putin, mas também o silêncio cúmplice de um mundo que finge indignar-se, mas continua a negociar gás, petróleo e grãos com o Kremlin.

A guerra como instrumento de poder

A invasão da Ucrânia foi apenas a ponta do icebergue de uma longa tradição putinista: esmagar nações vizinhas, semear caos em democracias, intervir com hackers e mercenários, desestabilizar regiões inteiras. Com a sua máquina de propaganda a funcionar 24 horas por dia, a Rússia transformou-se num Estado mafioso, onde a guerra é uma forma de manter o poder e consolidar influência.

Como é possível que ainda se sente à mesa?

É esta a questão que ecoa em tantas consciências: como pode uma criatura destas ser recebida com honras, dialogada como se fosse um interlocutor legítimo, quando é o arquétipo daquilo que a humanidade deveria rejeitar? A resposta é amarga: o mundo continua a ser governado pelo medo, pelo interesse económico e pela impotência moral.

Putin sabe-o. Explora-o. Usa-o com mestria. E é assim que continua a ser legitimado, mesmo sendo, em essência, um inimigo da humanidade.

O que resta?

Resta a coragem. A coragem dos povos livres. A resistência dos que ainda se atrevem a dizer a verdade. Resta a denúncia permanente, a recusa de normalizar o inaceitável, e a esperança de que a história não será sempre escrita pelos que impõem a força, mas também pelos que nunca se vergam diante dela.


O Lugar de Um Tirano Não É à Mesa das Nações

Em tempos de escuridão moral, torna-se urgente recordar o que nos distingue como civilização. O respeito pela vida humana, a dignidade, a liberdade, a justiça — esses são os pilares que sustentam o ideal de humanidade. Quando um líder como Vladimir Putin, cuja trajetória está marcada por crimes contra civis, repressão brutal, invasões militares e um desprezo sistemático pelos direitos humanos, continua a ser acolhido em cimeiras internacionais e fóruns de negociação, algo de profundo se rompe no tecido moral da ordem global.

Putin não é apenas um chefe de Estado controverso. É um homem cujas decisões resultaram em milhares de mortos, milhões de deslocados e a destruição sistemática da soberania de países vizinhos, como a Ucrânia. É também o mesmo homem que eliminou fisicamente opositores, reprimiu manifestações pacíficas, silenciou a imprensa livre e transformou a Rússia num Estado onde o medo voltou a ser o instrumento preferencial de governo.

A pergunta que se impõe é simples, mas poderosa: como pode alguém com tal historial sentar-se à mesa com líderes democráticos, como se fosse apenas mais um ator no palco internacional?

A resposta, infelizmente, revela a hipocrisia e o pragmatismo cínico que muitas vezes orientam as relações internacionais. A realpolitik, essa velha desculpa para pactuar com o inaceitável, continua viva. Dir-se-á que é preciso falar com o inimigo para evitar o pior. Mas onde traçamos o limite entre diplomacia e cumplicidade?

A História julga os que agem, mas também os que permitem. O que está em causa já não é apenas a Ucrânia ou a Rússia, mas o modelo de mundo que aceitamos construir. Se figuras como Putin continuam a ter um lugar de respeito à mesa das nações, que mensagem transmitimos a outros tiranos em ascensão? Que basta o tempo e a força bruta para se ser aceite, perdoado ou até legitimado?

A dignidade humana não pode ser moeda de troca. O silêncio e a passividade dos que se dizem defensores da liberdade apenas alimentam os apetites dos déspotas. E é precisamente por isso que o lugar de Vladimir Putin não deve ser em mesas de negociação ou fotografias de cimeiras — mas sim nos tribunais internacionais, a responder por crimes contra a humanidade.

Porque enquanto o mundo não tiver coragem de colocar a justiça acima dos interesses de ocasião, continuará a trilhar o perigoso caminho da normalização da barbárie.


Francisco Gonçalves

Créditos para IA, DeepSeek e chatGPT (c)

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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