As Sociedades dos Javardos: Quando a Ignorância se Torna Cultura

Vivemos uma época estranha, onde o ruído venceu o silêncio, a ignorância virou opinião respeitável e a grosseria se travestiu de autenticidade. Numa inversão inquietante de valores, as chamadas “sociedades dos javardos” – onde reina o desrespeito, a incultura, a vaidade vazia e a glorificação da boçalidade – têm ganho terreno em várias nações, minando os pilares da civilização e da convivência.
O javardismo como sintoma social
O termo “javardo” aqui não se refere apenas ao porco, mas ao ser humano embrutecido, aquele que se recusa a evoluir intelectualmente, emocionalmente ou socialmente. É o cidadão que cospe no chão, urra em vez de falar, despreza o conhecimento, teme o pensamento crítico e celebra a vulgaridade. Está presente em todas as classes sociais, embora assuma roupagens diferentes: do político populista ao patrão medíocre, do influencer vazio ao cidadão que se orgulha da sua ignorância.
A javardização do discurso público
Nos parlamentos, nas redes sociais e até nas universidades, a linguagem degradou-se, o insulto banalizou-se e a gritaria substituiu o argumento. O debate foi trocado pela guerrilha tribal. Os javardos não ouvem, não leem, não ponderam – reagem. O seu mundo é binário: nós e os outros, bons e maus, patriotas e traidores. A dúvida é sinal de fraqueza, a ciência é elitismo, a decência é covardia.
As nações em declínio ético
Algumas nações, outrora faróis de civilização, parecem mergulhar neste lodaçal cultural. Quando o poder se concentra em mãos que desprezam a cultura, a justiça, a verdade e a compaixão, temos o ambiente perfeito para a institucionalização do javardismo. Governos que ignoram a educação, controlam a informação, promovem o consumo acrítico e alimentam o ódio são, de facto, fábricas de javardos. E não por acaso: populações embrutecidas são mais fáceis de manipular.
A resistência possível
Mas nem tudo está perdido. Em cada rua, há ainda quem leia, pense, crie e sonhe. Há quem se recuse a ajoelhar-se ao altar da estupidez. É urgente reconstruir o espaço público como lugar de ideias e respeito. Investir na educação, na arte, na ciência e na liberdade crítica. Defender a elegância do pensamento contra a cacofonia da grosseria.
Conclusão:
A “sociedade dos javardos” não é uma inevitabilidade histórica – é uma escolha política e cultural. E como todas as escolhas, pode ser revertida. Cabe-nos a nós decidir se queremos viver entre bestas ou caminhar, mesmo com esforço, em direção a uma civilização digna desse nome.
Por : Francisco Gonçalves
Créditos para IA, DeepSeek e chatGPT (c)