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A Face Oculta do Futebol Português: O Caso Fernando Gomes e a Corrupção na FPF


Por Augustus – Março de 2025

Portugal vive mais um episódio preocupante que envolve a interseção entre desporto, poder e justiça. A operação “Mais-Valia”, conduzida pelas autoridades judiciais, lançou uma sombra sobre a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e, mais concretamente, sobre o seu presidente, Fernando Gomes, que inicialmente fora ilibado publicamente, mas veio-se a confirmar que foi efetivamente visado nas buscas relacionadas com a venda da antiga sede da FPF.

A Operação “Mais-Valia”: o que está em causa

A investigação, coordenada pelo Ministério Público e pela Polícia Judiciária, centra-se em alegadas irregularidades na venda de imóveis da FPF e outros negócios com possível envolvimento de figuras de topo. Estão em causa suspeitas de corrupção, tráfico de influências e enriquecimento ilícito, tudo à custa de património do futebol nacional e, indiretamente, dos contribuintes que financiam esta indústria através de subsídios, deduções fiscais e apoios institucionais.

A venda da antiga sede da FPF, situada em Lisboa, parece ser a ponta do icebergue. As autoridades suspeitam de valorações inflacionadas, adjudicações duvidosas e intermediários obscuros que terão lucrado com comissões elevadas. Fernando Gomes, que até há poucos dias insistia não ser alvo direto da investigação, acabou por ser confrontado com buscas à sua residência e ao seu gabinete.

Fernando Gomes: o dirigente que “não sabia de nada”

O presidente da FPF tem reiterado a sua total inocência e desconhecimento dos detalhes das transações. No entanto, a sua longa permanência no topo da estrutura federativa, desde os tempos de tesoureiro da UEFA até ao cargo máximo do futebol português, torna difícil aceitar a ideia de que nada sabia, nada viu, nada ouviu.

A sua postura evoca um padrão já visto em Portugal: dirigentes que, perante investigações, se escondem atrás de cargos técnicos, deixando pairar a ideia de que as decisões foram tomadas por outros. A pergunta que se impõe é: como pode o líder máximo de uma das instituições mais poderosas do país estar alheio a decisões estratégicas como a venda da sede federativa?

O contexto mais amplo: corrupção e futebol em Portugal

Este não é um caso isolado. O futebol português tem um historial de escândalos, onde nomes como Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira surgem frequentemente associados a suspeitas de corrupção, evasão fiscal e branqueamento de capitais. A maioria desses casos acaba prescrita ou arquivada, perpetuando a perceção de que a justiça não se aplica a quem detém poder no futebol.

A FPF é hoje uma entidade com poder económico e político imenso. A sua influência vai muito além dos relvados, envolvendo negócios, construção, patrocínios públicos e acesso privilegiado ao poder político. Essa promiscuidade entre futebol e Estado transforma a modalidade num espaço fértil para interesses pouco transparentes.

Conclusão: o futebol como espelho da decadência institucional

O caso Fernando Gomes é mais do que um episódio mediático. É um reflexo do estado de degradação institucional que afeta o país. O futebol, que devia ser espaço de inspiração e ética, transformou-se num terreno de opacidades, negócios paralelos e captura de valor.

É urgente que o Ministério Público e a Polícia Judiciária avancem com determinação, sem se deixarem intimidar pelo peso político e mediático da FPF. E é essencial que a sociedade civil exija transparência, responsabilização e verdadeira justiça.

Se nada for feito, este será apenas mais um caso em que, no final, “a culpa morre solteira”.


Francisco Gonçalves

Créditos para IA, DeepSeek e chatGPT (c)

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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