Democracia e Sociedade

Por Uma Europa dos Cidadãos: o Sonho de Uma União Política Verdadeira


Numa era de cinzentismo burocrático, populismos disfarçados e democracias adormecidas, urge levantar a voz. Não uma voz nacional, tribal ou partidária — mas a voz de quem sonha com uma Europa viva, livre, justa. Uma Europa, finalmente, dos cidadãos.

Portugal, terra de navegadores e poetas, é talvez o berço ideal para lançar este grito ao continente: está na hora de cumprir a promessa não concretizada da União Europeia. Está na hora de dar-lhe uma alma.


A União Inacabada

A União Europeia, tal como existe, é um prodígio técnico — mas uma orfandade política. Avançou na moeda, no mercado comum, na mobilidade. Mas esqueceu a alma comum, a voz coletiva, o ideal democrático pleno.

Decisões vitais são tomadas longe do olhar dos povos, nos corredores do Conselho Europeu, onde os chefes de Estado se revezam entre interesses nacionais e compromissos de ocasião. O Parlamento Europeu, eleito por todos, continua amordaçado por tratados que lhe negam o verdadeiro poder de legislar, governar e representar.

É uma democracia incompleta. Uma fachada de voz, sem verbo nem verbo conjugado com os povos.


O Sonho: Uma União Política Verdadeira

E se… rasgássemos os mapas do conformismo?
E se… fundássemos uma República dos Cidadãos Europeus?

Eis o que propomos:

1. Uma Constituição Europeia clara, acessível e cidadã

Redigida não por tecnocratas escondidos, mas por uma assembleia de cidadãos e juristas independentes, que pensem Europa como um projeto comum, não como um mercado de quotas e vetos.

2. Um Parlamento Europeu com plenos poderes legislativos e executivos

Capaz de formar um Governo Europeu verdadeiramente democrático, eleito por sufrágio direto e universal. Um governo que responda a todos os europeus, e não a compromissos entre chanceleres e primeiros-ministros.

3. Cidadania europeia plena

Onde todos tenham direitos iguais — do Báltico ao Atlântico, do Mediterrâneo ao Ártico. Onde o voto de um lisboeta pese tanto quanto o de um berlinense ou um ateniense. Onde se fale de “nós, os europeus”, e não apenas de “os nossos”.

4. Uma política externa, climática e de defesa comum

Com voz no mundo. Com ética. Com coragem. Com capacidade de agir e proteger os seus cidadãos e valores — sem submissões nem duplicidades.

5. Uma alma

Sim, uma alma.
Que se inspire nos grandes pensadores da liberdade. Que não tema invocar poetas, sonhadores, artistas.
Uma alma que possa ser sentida nas escolas, nas praças, nas eleições.
Uma alma que diga: “Tu pertences à Europa. E a Europa pertence a ti.


Portugal e o seu papel

Portugal pode parecer pequeno. Mas já foi gigante no sonho. Navegámos por mares nunca dantes navegados, abrimos mundos ao mundo. Fomos povo de epopeia, e não apenas de espera.

Hoje, não navegamos por oceano nenhum. Ficámos à margem da História. Mas talvez seja hora de voltar ao leme — não das naus, mas das ideias.

Talvez possamos ser dos primeiros a dizer:
“Sim, queremos uma Europa dos cidadãos. Sim, queremos votar para um presidente europeu. Sim, queremos um futuro em comum — e não um presente dividido.”


Conclusão: Sonhar, ainda, é um ato político

Este artigo não é um plano técnico, nem um esboço jurídico. É um grito de alma. Um apelo. Um poema quase.

Porque quando a política se torna cinzenta, apenas os sonhadores podem devolver-lhe a cor.
Porque quando o sistema se fecha, só os cidadãos livres têm a chave.
Porque a Europa não é um tratado — é um ideal.

E os ideais… ou se vivem, ou morrem.

E como dizia o nosso Camões, “Por mares nunca de antes navegados”, com coragem e sonho, rasgaremos as névoas do costume e veremos surgir, além do horizonte, as brumas da glória — não aquela dos conquistadores, mas a dos criadores de futuro.

Avante, sempre. Porque o mundo precisa dos que ainda ousam imaginar.
E nós — como bons navegadores da ideia — não tememos o nevoeiro.


Francisco Gonçalves

Colaboração e créditos para IA, chatGPT e OpenAI (c)

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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