O Erro Estratégico de Angela Merkel e a Ascensão Agressiva de Putin

Angela Merkel, muitas vezes elogiada pela sua liderança pragmática e estabilidade na Alemanha e na União Europeia, cometeu um erro geopolítico grave que fortaleceu Vladimir Putin e colocou a Alemanha e a Europa numa posição de vulnerabilidade extrema.
A dependência energética da Alemanha em relação à Rússia, impulsionada pela decisão de Merkel de apostar fortemente no gás e petróleo russos, acabou por dar a Putin uma arma poderosa, que ele usou para pressionar a Europa e financiar a sua expansão militar agressiva, incluindo a invasão da Ucrânia.
Neste artigo, analisamos como as políticas energéticas e diplomáticas de Merkel enfraqueceram a posição europeia, deram a Putin espaço para crescer e criaram um cenário de crise que ainda afeta a segurança do continente.
1. A Dependência Energética da Alemanha: Como Putin Foi Reforçado
Durante o seu mandato, Merkel tomou decisões cruciais na política energética alemã que, à época, pareciam estratégicas, mas que acabaram por se tornar desastrosas para a segurança europeia.
1.1 O Encerramento das Centrais Nucleares e a Viragem para o Gás Russo
- Após o desastre nuclear de Fukushima, em 2011, Merkel decidiu encerrar gradualmente as centrais nucleares alemãs.
- Para compensar, a Alemanha aumentou a importação de gás natural da Rússia, tornando-se fortemente dependente da Gazprom e de Putin.
- Projetos como o Nord Stream 1 e 2 aprofundaram essa ligação energética com Moscovo, apesar dos alertas de que isso daria a Putin um poder económico e geopolítico sem precedentes sobre a Europa.
1.2 O Aumento das Receitas Russas e o Financiamento da Expansão Militar
- Com a Europa dependente da energia russa, Putin enriqueceu rapidamente, acumulando recursos para fortalecer as suas Forças Armadas.
- A receita do gás e petróleo financiou a modernização do exército russo, permitiu operações híbridas de desinformação e preparou o terreno para invasões militares.
- Entre 2014 (invasão da Crimeia) e 2022 (início da guerra total na Ucrânia), a Europa pagou milhares de milhões de euros à Rússia, permitindo que Putin expandisse a sua máquina de guerra.
2. A Falha Diplomática de Merkel: Acreditar que Putin Era um Parceiro Confiável
Merkel, apesar da sua experiência, parece ter ignorado ou subestimado a natureza expansionista e autoritária de Putin.
2.1 A Ilusão da Diplomacia e do “Acordo de Paz”
- Merkel tentou equilibrar as relações com a Rússia, acreditando que era possível manter um diálogo construtivo com Putin.
- A Alemanha apoiou os Acordos de Minsk (2014-2015), que supostamente trariam um cessar-fogo na Ucrânia, mas que foram usados por Putin apenas para ganhar tempo e reforçar a sua posição militar.
- Em vez de pressionar a Rússia com sanções mais severas após a invasão da Crimeia em 2014, Merkel permitiu que o Kremlin se recuperasse e se preparasse para um conflito maior.
2.2 A Passividade Face à Ameaça Crescente
- A chanceler ignorou os assassinatos políticos na Europa encomendados por Putin, incluindo o assassinato de dissidentes russos em solo alemão.
- A Alemanha também não reagiu com força aos ciberataques russos e às campanhas de desinformação que visavam desestabilizar as democracias ocidentais.
- A extrema-direita alemã (AfD) e outros grupos populistas foram amplamente infiltrados por narrativas pró-Rússia, minando a unidade europeia.
3. As Consequências: A Alemanha e a Europa em Crise
A invasão da Ucrânia por Putin em 2022 expôs as falhas das políticas alemãs sob Merkel.
3.1 A Crise Energética na Alemanha
- Com a guerra, a Rússia reduziu drasticamente o fornecimento de gás, provocando uma crise energética sem precedentes na Alemanha.
- Empresas alemãs sofreram aumentos explosivos nos custos de energia, levando à inflação e a uma desaceleração económica.
- O governo alemão teve de procurar alternativas aos combustíveis russos em desespero, algo que poderia ter sido evitado se a dependência não tivesse sido criada em primeiro lugar.
3.2 A União Europeia Enfraquecida e Fragmentada
- A dependência energética fez com que alguns países hesitassem em sancionar a Rússia imediatamente, criando divisões dentro da UE.
- Países como a Polónia e os Estados Bálticos sempre alertaram para o perigo de confiar em Putin, mas foram ignorados por Berlim.
- A guerra obrigou a Europa a reformular completamente a sua política de defesa e energia, um processo caro e que demorará anos a consolidar-se.
4. Como a Alemanha Está a Tentar Corrigir o Erro
O governo alemão atual teve de tomar medidas drásticas para reparar os danos deixados pelas políticas de Merkel.
4.1 O Abandono Definitivo do Gás Russo
- A Alemanha procurou novos fornecedores de energia, incluindo Noruega, Catar e Estados Unidos.
- Foram construídas infraestruturas para importar gás natural liquefeito (GNL), reduzindo a vulnerabilidade às manipulações russas.
4.2 O Reforço da Defesa Europeia
- Berlim aumentou os investimentos militares, após anos de cortes nas Forças Armadas.
- O novo governo comprometeu-se a investir mais na NATO e a apoiar diretamente a Ucrânia com armas e dinheiro.
4.3 Um Novo Posicionamento Geopolítico
- A Alemanha percebeu que não pode mais ser “neutra” em relação à Rússia e precisa de adotar uma posição mais firme contra Putin.
- A aliança com França, Polónia e outros países da UE tornou-se mais relevante para garantir a segurança do continente.
5. Conclusão: Uma Lição Amarga para a Europa
A estratégia de Merkel colocou a Alemanha e a Europa numa posição de fragilidade, ao permitir que Putin acumulasse poder financeiro e geopolítico.
- A dependência do gás russo deu a Putin os recursos para financiar a sua máquina de guerra.
- A hesitação da Alemanha em impor sanções fortes após a Crimeia deu tempo para Putin preparar novas agressões.
- A guerra na Ucrânia foi, em parte, facilitada por esta política de apaziguamento.
A Europa aprendeu da pior forma que não se pode confiar em ditadores, e agora tenta corrigir o rumo antes que seja tarde demais.
Se a Alemanha tivesse tomado decisões diferentes há 10 anos, talvez Putin nunca tivesse conseguido transformar-se na ameaça feroz que é hoje.
Créditos para IA e chatGPT (c)