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ESCUTA ZÉ NINGUÉM!

A obra “Zé Ninguém” (Listen, Little Man!, no título original em inglês) é um ensaio escrito pelo psicanalista e cientista austríaco Wilhelm Reich em 1945. Este livro é uma crítica feroz à mentalidade conformista da sociedade e à forma como as massas aceitam e até perpetuam a opressão e a mediocridade.

Resumo e Ideias Principais

Reich dirige-se ao “Zé Ninguém”, uma figura simbólica que representa o homem comum, aquele que se submete ao sistema, aceita as injustiças e não ousa questionar as autoridades ou desafiar a ordem estabelecida. No entanto, ele não é apenas uma vítima, mas também um cúmplice, pois contribui ativamente para manter a sociedade num estado de repressão e ignorância.

1. O Zé Ninguém e a Submissão ao Poder

Reich descreve como o cidadão comum se habitua a ser controlado por líderes autoritários, sejam eles políticos, religiosos ou chefes empresariais. O medo de pensar por si próprio e a necessidade de se enquadrar fazem do Zé Ninguém um prisioneiro da sua própria mente.

2. O Ódio à Liberdade

Curiosamente, o Zé Ninguém não luta apenas contra a opressão externa; ele próprio odeia a liberdade, pois ela exige responsabilidade, pensamento crítico e ação. Muitas pessoas preferem viver sob regimes de controle e repressão do que encarar a insegurança da liberdade individual.

3. A Hipocrisia Moral e a Repressão Sexual

Reich também critica a hipocrisia moral da sociedade, especialmente no que diz respeito à repressão sexual e emocional. Ele argumenta que a repressão das emoções e do desejo individual leva a uma sociedade frustrada e facilmente manipulável.

4. O Ciclo da Mediocridade e da Obediência

A grande tragédia do Zé Ninguém é que ele perpetua a mediocridade e o conformismo ao educar seus filhos da mesma maneira, reprimindo o pensamento livre e incentivando a obediência cega. Assim, a sociedade nunca muda verdadeiramente, pois as novas gerações herdam os mesmos medos e limitações das anteriores.


Relevância Atual

Apesar de ter sido escrito há quase 80 anos, “Zé Ninguém” continua extremamente atual. A obra ressoa especialmente em sociedades onde:
✅ A corrupção política é aceite como “normal”.
✅ O medo de mudar mantém as pessoas submissas ao status quo.
✅ As massas são manipuladas pela propaganda e pela desinformação.
✅ A mediocridade é incentivada em detrimento do pensamento crítico.

Em Portugal, por exemplo, a ideia de que os políticos “roubam, mas fazem obra”, ou a aceitação passiva da corrupção e da falta de ética pública, encaixam-se perfeitamente na crítica de Reich.


Conclusão: Uma Obra de Reflexão e Despertar

“Zé Ninguém” não é apenas uma crítica; é um apelo para que cada indivíduo tome consciência do seu papel na sociedade. Reich desafia-nos a pensar por nós próprios, a questionar as autoridades e a não sermos cúmplices da nossa própria opressão.

É uma leitura essencial para quem quer entender os mecanismos da manipulação social e refletir sobre como escapar ao ciclo de submissão e mediocridade.

Francisco Gonçalves

Créditos para IA e DeepSeek (c)

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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