Democracia e Sociedade

Idadismo e os Efeitos Nefastos Sobre a Inovação e o Avanço Tecnológico em Portugal

O idadismo, ou discriminação com base na idade, tem-se tornado um obstáculo significativo ao progresso tecnológico e à inovação em Portugal. Num país que enfrenta uma crise demográfica, com uma população envelhecida e uma taxa de natalidade reduzida, a exclusão de profissionais experientes das áreas de ciência e tecnologia é um erro estratégico grave.

Em vez de valorizar o conhecimento acumulado e a experiência dos mais velhos, o mercado de trabalho português tem vindo a descartar sistematicamente profissionais com décadas de especialização, perpetuando um ciclo de baixa inovação e estagnação tecnológica.


1. O Idadismo no Mercado de Trabalho e na Inovação

Em Portugal, a valorização do talento tecnológico é condicionada pela idade, com um mercado que privilegia os mais jovens, ignorando a importância da diversidade geracional na inovação.

  • Profissionais acima dos 45-50 anos enfrentam grandes dificuldades para encontrar emprego em setores de tecnologia e inovação.
  • Muitas empresas adotam uma cultura de startups excessivamente focada em juventude, desconsiderando a importância do conhecimento acumulado ao longo da carreira.
  • A mentalidade de que “só os jovens inovam” resulta na perda de competências fundamentais e no desperdício de talento experiente.

Em países como Alemanha, Japão e EUA, os profissionais mais experientes continuam a desempenhar papéis de liderança na inovação tecnológica, enquanto em Portugal são frequentemente afastados e substituídos por perfis com menos experiência.


2. A Falta de Valorização da Experiência e os Riscos para o Desenvolvimento Tecnológico

A inovação não se faz apenas com ideias novas, mas também com experiência. O conhecimento profundo de um setor, a capacidade de resolver problemas complexos e a visão estratégica são competências adquiridas ao longo dos anos e essenciais para o sucesso tecnológico.

A falta de valorização da experiência leva a problemas como:

  • Projetos mal estruturados, sem a visão de longo prazo que os profissionais mais experientes poderiam aportar.
  • Falta de continuidade no desenvolvimento de tecnologia, devido à constante substituição de equipas.
  • Dificuldade em lidar com desafios técnicos complexos, que exigem conhecimento profundo e experiência prática.

Se Portugal continuar a ignorar o valor da experiência, o país permanecerá um consumidor de tecnologia estrangeira, em vez de ser um criador de inovação tecnológica própria.


3. O Idadismo na Academia e na Investigação Científica

Outro problema grave é o preconceito contra investigadores e professores universitários mais velhos, que são frequentemente afastados das grandes decisões sobre tecnologia e inovação.

  • O financiamento de projetos científicos prioriza jovens investigadores, enquanto cientistas com décadas de experiência são marginalizados.
  • A burocracia universitária dificulta a continuidade da investigação a longo prazo, tornando Portugal pouco competitivo na ciência e tecnologia global.
  • falta de programas que incentivem a colaboração entre gerações, o que prejudica a transmissão de conhecimento e a evolução da inovação.

A consequência é que Portugal continua a depender do exterior para avanços científicos e tecnológicos, sem criar um ecossistema sustentável de inovação.


4. Como o Idadismo Prejudica as Startups e a Economia Digital

No setor das startups, o preconceito contra profissionais mais velhos é ainda mais evidente. Muitos empreendedores experientes são excluídos de oportunidades de financiamento, porque os investidores preferem apoiar jovens recém-formados, mesmo sem experiência de mercado.

Este modelo resulta em problemas como:

  • Alta taxa de falência de startups, devido à falta de maturidade na gestão empresarial.
  • Falta de inovação disruptiva, já que as startups sem mentores experientes tendem a cometer os mesmos erros repetidamente.
  • Dificuldade na escalabilidade dos negócios, porque o conhecimento estratégico dos mais velhos não é aproveitado.

Nos EUA e Israel, o mercado de tecnologia valoriza empreendedores e gestores com mais de 50 anos, pois a experiência e a capacidade de adaptação são vistas como essenciais para o sucesso a longo prazo. Portugal, ao contrário, descarta este talento e limita as suas possibilidades de crescimento tecnológico.


5. O Que Portugal Precisa de Fazer Para Ultrapassar o Idadismo na Inovação

Se Portugal quiser tornar-se um verdadeiro polo de inovação tecnológica e científica, precisa de mudar radicalmente a forma como encara o talento e a experiência. Algumas medidas essenciais incluem:

Combater o preconceito etário no recrutamento e promover equipas intergeracionais.
Criar incentivos para empresas que apostem na experiência e na mentoria.
Facilitar o financiamento de startups fundadas por profissionais mais experientes.
Reformular políticas académicas para permitir que investigadores mais velhos continuem a liderar projetos inovadores.
Valorizar a experiência na administração pública e nos setores estratégicos, garantindo que a inovação não dependa apenas da juventude, mas também do conhecimento acumulado.

Se estas mudanças não forem implementadas, Portugal continuará a ser um país periférico na inovação global, desperdiçando talento e limitando o seu próprio crescimento económico.


Conclusão: O Erro Fatal de Descartar a Experiência

O idadismo na tecnologia e na inovação não é apenas uma injustiça social, é um erro estratégico grave. Países que ignoram a importância da experiência nunca atingem o verdadeiro potencial inovador.

Se Portugal não mudar a sua mentalidade e não valorizar o conhecimento acumulado dos seus profissionais mais experientes, continuará atrasado tecnologicamente, dependente do exterior e incapaz de competir globalmente.

Francisco Gonçalves

Créditos para IA, chatGPT e DeepSeek (c)

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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