Democracia e Sociedade

Portugal: A Classe Política Acima do Povo Que a Sustenta

Portugal tem um problema estrutural que corrói a confiança na democracia: uma classe política e judicial que se comporta como uma elite intocável, protegida por privilégios e imunidades, enquanto exige sacrifícios constantes da população.

Políticos, juízes e altos funcionários públicos parecem viver num mundo paralelo, onde os benefícios são generosos, as responsabilidades são escassas e a prestação de contas é quase inexistente. Mas o grande problema é que tudo isso é sustentado pelos impostos pagos pelos cidadãos, que enfrentam dificuldades diárias para sobreviver num país de baixos salários, alta carga fiscal e serviços públicos cada vez mais degradados.


1. Os Políticos Que se Consideram Uma Casta Intocável

Os políticos portugueses deveriam servir o país com humildade, responsabilidade e compromisso com o bem comum. Mas, na prática, o que se vê é um sistema que privilegia o enriquecimento pessoal, o nepotismo e a perpetuação no poder.

  • Salários e benefícios elevados – Os deputados da Assembleia da República recebem remunerações muito superiores à média nacional, além de ajudas de custo, subsídios de transporte e outros benefícios.
  • Reformas douradas – Muitos políticos acumulam pensões e reformas milionárias, independentemente do tempo que passaram no cargo.
  • Imunidades e impunidade – A classe política protege-se de investigações e processos judiciais, utilizando a lei para se blindar de qualquer tentativa de responsabilização.

A política deixou de ser um serviço público e tornou-se um meio de ascensão social e enriquecimento pessoal para muitos daqueles que chegam ao poder.


2. A Justiça Que Também Se Considera Acima da Lei

O sistema judicial português não é melhor do que a classe política. Juízes e magistrados gozam de privilégios que os colocam acima dos cidadãos comuns e, muitas vezes, a própria justiça é usada como um instrumento de proteção das elites em vez de ser um mecanismo de defesa da democracia.

  • Processos intermináveis que nunca chegam a condenações – Casos de corrupção envolvendo figuras públicas arrastam-se durante anos, até que os crimes prescrevem ou as penas aplicadas são simbólicas.
  • Favorecimento político – O Conselho Superior da Magistratura e outras entidades que regulam a justiça são compostos por juízes que se protegem mutuamente, garantindo que as investigações a altos cargos nunca cheguem a conclusões incómodas.
  • Salários e benefícios elevados – Enquanto o cidadão comum luta para pagar contas, os juízes têm remunerações muito acima da média nacional, com regalias que os tornam intocáveis.

A justiça em Portugal não serve o povo – serve os interesses daqueles que detêm o poder.


3. O Estado: Um Aparelho de Proteção para a Classe Dominante

O verdadeiro problema de Portugal não é apenas a corrupção pontual ou os escândalos ocasionais. O problema é sistémico – o Estado funciona como um mecanismo de autoproteção das elites, garantindo que os privilégios da classe dominante nunca sejam postos em causa.

  • Altos cargos públicos são distribuídos entre amigos e familiares – O nepotismo é regra no Estado, com lugares de chefia ocupados por pessoas escolhidas com base em ligações políticas, e não por mérito.
  • Cargos públicos sem avaliação de desempenho – Muitos altos funcionários públicos ganham salários elevados sem qualquer exigência de eficiência ou qualidade no serviço prestado.
  • Uma burocracia pesada e intencionalmente ineficaz – O sistema administrativo é criado para dificultar o acesso dos cidadãos aos seus direitos, enquanto facilita a vida da classe dominante.

4. A População Que Paga e Não Exige Mudança

O mais preocupante em tudo isto é a passividade da população portuguesa.

Durante décadas, os portugueses aceitaram este sistema como algo inevitável, como se não houvesse alternativa. A falta de literacia política e a apatia coletiva fazem com que os cidadãos não exijam mudanças e continuem a votar nas mesmas elites que os exploram.

As reações mais comuns são:

  • “São todos iguais, não vale a pena mudar”
  • “Rouba, mas faz obra”
  • “A justiça é só para os pobres”

Este conformismo é o maior aliado das elites que governam o país para benefício próprio.


5. Como Mudar Este Sistema?

A única forma de quebrar este ciclo é exigir reformas profundas e verdadeiras no funcionamento do Estado. Algumas medidas urgentes incluem:

  • Redução drástica dos privilégios da classe política – Acabar com reformas milionárias, cortar subsídios injustificados e criar um sistema de avaliação de desempenho para deputados e ministros.
  • Justiça independente e ágil – Processos judiciais envolvendo corrupção política e má gestão de recursos públicos devem ser julgados rapidamente, com penas efetivas.
  • Transparência absoluta na administração pública – Todo o dinheiro gasto pelo Estado deve ser auditado em tempo real e disponibilizado para consulta pública.
  • Participação ativa da sociedade civil – O povo precisa de se organizar, exigir mudanças e recusar ser governado por elites que apenas procuram benefícios próprios.

Se nada for feito, Portugal continuará a ser um país onde a classe política, os juízes e os altos funcionários do Estado vivem à custa do esforço dos cidadãos sem nunca serem responsabilizados pelos seus atos.

O governo não é um feudo pessoal dos políticos. O Estado pertence ao povo e deve ser governado com humildade, dignidade e responsabilidade.

Francisco Gonçalves

Créditos para IA, DeepSeek e ChatGPT (c)

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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