Portugal: Entre a Ilusão do Sucesso e a Realidade do Atraso

2024 e 2025 são anos marcantes para a política nacional e europeia, com eleições que oferecem uma oportunidade para os portugueses avaliarem o estado do país e refletirem sobre o seu futuro. O cientista social António Barreto, numa análise publicada no Público, traça um retrato inquietante sobre a evolução de Portugal sob a governação socialista, destacando sucessos políticos superficiais e fragilidades estruturais profundas.
Um Sucesso Político, Mas a Que Custo?
O governo socialista, apoiado à esquerda, conseguiu completar uma legislatura completa, um feito que poucos previram em 2015. Esse facto, por si só, foi um triunfo político. No plano social, registaram-se avanços pontuais na redução do desemprego e da desigualdade, ainda que a melhoria dos rendimentos tenha sido limitada e desigual. No entanto, Barreto alerta que, apesar de algum sucesso financeiro, a economia do país perdeu competitividade, afastou-se ainda mais dos parceiros europeus e falhou na dinamização do investimento público e privado.
Empresas foram vendidas, mas novas não foram criadas. A produtividade estagnou, o crescimento do PIB ficou abaixo da média europeia e as oportunidades para as futuras gerações foram comprometidas. O país, em vez de convergir com os mais desenvolvidos, continuou a divergir, ficando para trás numa União Europeia cada vez mais competitiva.
Incêndios, Tancos e Banca: A Falência da Gestão Pública
A resposta do governo aos incêndios florestais foi um desastre de gestão e uma prova de incompetência. As tragédias de 2017, que devastaram vidas e florestas, revelaram uma estrutura estatal incapaz de proteger os cidadãos e de aprender com os erros do passado.
O caso do roubo de armamento em Tancos foi um momento de vergonha nacional, evidenciando a fragilidade das instituições de segurança e a fraqueza moral dos responsáveis políticos. O episódio expôs a incapacidade do Estado em proteger infraestruturas críticas e a hesitação do governo em lidar com uma situação de crise.
Na banca, a sucessão de colapsos financeiros, como os do BES, Banif e Novo Banco, traduziu-se em resgates pagos pelos contribuintes, sem que houvesse responsabilização dos culpados. Barreto destaca que essa fragilidade do sistema bancário já vinha de governos anteriores, mas o executivo socialista não só não resolveu o problema como permitiu que se agravasse.
Corrupção: O Cancro que Corrói Portugal
Um dos aspetos mais preocupantes da governação foi a falta de empenho na luta contra a corrupção. Casos mediáticos foram abafados ou arrastados no tempo até à prescrição. Políticos e empresários envolvidos em escândalos continuaram impunes, enquanto o Estado falhou em garantir transparência e justiça.
A corrupção não só mina a confiança na democracia, como também desvia recursos essenciais para o desenvolvimento do país. O fenómeno não é exclusivo de Portugal, mas a forma como é tratado revela uma cumplicidade preocupante entre elites políticas e económicas.
A Tragédia do Futuro: Jovens que Emigram, População que Envelhece
Portugal enfrenta uma crise demográfica grave. O envelhecimento da população, combinado com a emigração de jovens qualificados, está a criar um futuro insustentável. Muitas das novas gerações, cujos estudos foram financiados pelo Estado, partem para outros países devido à falta de perspetivas e à baixa remuneração no mercado de trabalho nacional.
Ao mesmo tempo, a política de fronteiras abertas trouxe um aumento da imigração descontrolada, sem mecanismos eficazes de integração. Isso levanta questões sobre a sustentabilidade do modelo social e a capacidade do país em garantir um futuro estável e equilibrado.
Portugal Precisa de um Novo Rumo
António Barreto não é um crítico qualquer. Como socialista histórico e pensador respeitado, as suas palavras ganham um peso especial. Ele alerta para a necessidade urgente de Portugal se reformar, de recuperar a sua economia, de combater a corrupção e de garantir um futuro melhor para as próximas gerações.
A política portuguesa precisa de estadistas, não de oportunistas. O país necessita de uma visão de longo prazo, assente em trabalho, inovação e seriedade. Só assim será possível reverter décadas de erros e evitar que Portugal continue a ser o “parente pobre” da Europa.
Com eleições no horizonte, os portugueses têm uma oportunidade para refletir sobre estas questões e decidir que tipo de país querem construir. O desafio está lançado.
Créditos para IA, chatGPT e DeepSeek (c)