A Economia dos EUA Sob Donald Trump: Entre Promessas e Realidade

Desde o seu regresso à Casa Branca em 2025, o Presidente Donald Trump tem adotado uma política económica marcada por protecionismo, medidas populistas e um discurso de autoexaltação. No entanto, à medida que o impacto real das suas decisões se torna evidente, cresce a preocupação entre economistas, investidores e consumidores sobre o futuro da economia americana.

Entre tarifas alfandegárias controversas, uma política fiscal agressiva e um endurecimento da postura face ao comércio internacional, a administração Trump tem sido acusada de colocar em risco a estabilidade económica dos EUA e de comprometer as relações comerciais globais.

Aposta em Tarifas: Uma Estratégia Perigosa

Uma das medidas mais emblemáticas da nova presidência de Trump tem sido a imposição de tarifas alfandegárias elevadas sobre importações de países como o Canadá, o México e a China. Estas tarifas, anunciadas como forma de proteger a indústria e os empregos americanos, estão a ter o efeito oposto, com consequências devastadoras para os consumidores e empresas.

A imposição de tarifas de 25% sobre produtos importados do México e do Canadá, por exemplo, provocou um aumento imediato dos preços em diversos setores, incluindo a indústria automóvel, o setor tecnológico e os bens de consumo essenciais. O impacto foi sentido diretamente na bolsa de valores, com o S&P 500 a perder quase todos os ganhos acumulados desde a eleição de Trump em 2024.

Os investidores, que inicialmente viam Trump como um aliado do mercado, começam agora a recuar perante a imprevisibilidade da sua política económica. A incerteza gerada pelas tarifas não afeta apenas os EUA, mas também desestabiliza cadeias de fornecimento globais, com multinacionais a reconsiderar os seus investimentos e a relocalizar operações para países menos sujeitos a oscilações políticas.

Segundo The Economist, Trump está a “destruir uma das cadeias de fornecimento mais integradas do mundo” e a “brincar com fogo” ao adotar uma postura agressiva e errática no comércio internacional.

Inflação e Perda de Poder de Compra

Outro problema emergente é o aumento da inflação. Durante a campanha, Trump prometeu controlar a subida dos preços, mas os dados mais recentes mostram que a inflação nos EUA continua elevada, com um aumento de 3% registado em janeiro de 2025.

O agravamento da inflação pode ser atribuído, em grande parte, às próprias políticas protecionistas da administração Trump. A introdução de tarifas sobre produtos essenciais, como matérias-primas e componentes industriais, elevou os custos de produção e, consequentemente, os preços finais para os consumidores.

O impacto na vida quotidiana dos americanos é evidente. O aumento dos preços dos bens essenciais, combinado com um mercado de trabalho instável e a incerteza económica, levou a uma queda no consumo e num abrandamento da confiança dos pequenos empresários.

Em contraste com o seu primeiro mandato, Trump tem evitado publicar mensagens triunfalistas sobre a bolsa de valores nas redes sociais. Para muitos analistas, este silêncio é um sinal de que a Casa Branca reconhece que a situação económica está longe de ser favorável.

Défice e Dívida Pública em Escalada

Outro fator preocupante é o aumento do défice público e da dívida nacional. Apesar das promessas de Trump de equilibrar as contas do país, a realidade tem sido outra. O orçamento republicano prevê aumentos significativos na despesa pública, ao mesmo tempo que propõe cortes nos impostos para os mais ricos e para as grandes empresas.

Esta combinação tem levado a uma explosão da dívida federal, que já ultrapassa os 34 biliões de dólares. Os críticos argumentam que este aumento exponencial da dívida compromete as futuras gerações e pode levar a uma crise financeira de grandes proporções.

Descontentamento Empresarial e Reações Internacionais

A comunidade empresarial americana tem mostrado sinais de insatisfação crescente. Empresas que anteriormente apoiavam Trump começam a afastar-se devido à incerteza gerada pelas suas políticas. Muitos empresários consideram que a instabilidade política e económica causada pelas novas tarifas e pela guerra comercial está a prejudicar os seus negócios.

A nível internacional, as relações dos EUA com aliados tradicionais deterioraram-se rapidamente. Trump tem mostrado uma postura particularmente hostil em relação à União Europeia e ao Canadá, dois dos principais parceiros comerciais dos EUA. As recentes tarifas impostas aos países europeus e a ameaça de sanções adicionais têm levado a uma resposta diplomática dura por parte da UE.

Ao mesmo tempo, a suspensão da ajuda militar à Ucrânia e a aproximação de Trump a Vladimir Putin têm causado preocupação entre os aliados da NATO, que veem nos EUA um parceiro cada vez mais imprevisível.

Conclusão: Uma Economia em Risco

As promessas de Trump de revitalizar a economia americana e devolver o país a uma era de prosperidade parecem estar a desmoronar-se perante os desafios da realidade. As suas políticas protecionistas, combinadas com um aumento da inflação, uma escalada da dívida pública e uma deterioração das relações comerciais internacionais, colocam os EUA numa trajetória perigosa.

Se as tendências atuais continuarem, os próximos anos poderão ser marcados por uma desaceleração económica significativa, um aumento do custo de vida e um enfraquecimento da posição dos EUA na economia global.

A questão central que se coloca agora é se Trump será capaz de reverter esta situação ou se insistirá numa estratégia que poderá levar os Estados Unidos a uma crise económica de grande escala. O destino da economia americana está em jogo, e as decisões tomadas nos próximos meses serão cruciais para determinar o futuro do país.

Francisco Gonçalves

Créditos para IA e DeepSeek (c)