Portugal e a CPLP: Entre Laços Históricos e os Desafios da Nova Ordem Geopolítica

A posição de Portugal no cenário internacional tem sido historicamente moldada pela sua relação com os países de língua portuguesa. No entanto, num mundo cada vez mais polarizado, onde potências como a Rússia e a China expandem a sua influência sobre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Portugal vê-se num dilema estratégico. Como manter a relevância entre os seus parceiros lusófonos sem comprometer os seus compromissos com a União Europeia e a NATO?
A CPLP e a Nova Geopolítica Global
A CPLP, fundada em 1996, sempre foi vista como um espaço de cooperação linguística, cultural e económica entre os países lusófonos. No entanto, nos últimos anos, tem-se tornado evidente que alguns dos seus membros, especialmente em África, estão a fortalecer relações com potências não ocidentais. Angola, Moçambique e Guiné-Bissau têm recebido apoio militar e económico da Rússia e da China, enquanto São Tomé e Príncipe tem explorado parcerias estratégicas com estes países.
O Interesse da Rússia e da China nos Países da CPLP
1. Rússia: O Interesse Militar e a Influência Política
A Rússia tem procurado expandir a sua presença militar em África, oferecendo armamento e apoio estratégico a governos aliados. Países como Moçambique e Angola, que mantêm relações históricas com Moscovo desde os tempos da Guerra Fria, continuam a beneficiar de acordos de defesa e cooperação militar. A presença do Grupo Wagner em alguns destes territórios também levanta questões sobre o envolvimento russo na segurança da região.
2. China: A Diplomacia do Investimento
A China, por outro lado, tem adotado uma abordagem económica agressiva, investindo fortemente em infraestrutura e recursos naturais nos países da CPLP. Angola é um dos maiores beneficiários destes investimentos, tendo recebido empréstimos chineses para a reconstrução pós-guerra. Moçambique e Guiné-Bissau também têm atraído investimentos em projetos de energia, portos e transportes.
A crescente dependência destes países do financiamento chinês coloca Portugal numa posição delicada, já que Pequim tem um histórico de condicionar o apoio económico a concessões políticas e estratégicas.
O Dilema de Portugal: Entre o Ocidente e a CPLP
Portugal, como membro da UE e da NATO, tem de equilibrar os laços históricos com os países lusófonos e os compromissos com os seus aliados ocidentais. No atual contexto de guerra na Ucrânia e crescente tensão entre a China e o Ocidente, este equilíbrio torna-se ainda mais complexo.
Os Riscos para Portugal
- Perda de Influência Diplomática
Se os países da CPLP fortalecerem laços com a Rússia e a China, Portugal pode ver a sua posição dentro da comunidade lusófona enfraquecida. - Segurança no Atlântico
A possibilidade de a Rússia ou a China estabelecerem bases navais ou pontos de apoio estratégico nos países africanos lusófonos representa um risco para a segurança do Atlântico Sul, uma área de interesse para a NATO. - Competição Económica e Comercial
Com a crescente influência da China na economia dos países lusófonos, as empresas portuguesas podem perder oportunidades de investimento e comércio.
O Que Portugal Pode Fazer?
Perante este cenário, Portugal precisa de adotar uma estratégia mais proativa para manter a sua relevância na CPLP:
- Reforçar a Cooperação Económica – Portugal deve intensificar os investimentos e parcerias com os países da CPLP, oferecendo alternativas ao financiamento chinês.
- Aprofundar os Laços de Segurança e Defesa – Criar acordos de cooperação no setor da defesa, alinhados com os princípios da NATO, pode ser uma forma de evitar que a influência militar russa se expanda na CPLP.
- Atuar como Mediador Internacional – Portugal pode usar a sua posição na UE e na CPLP para promover o diálogo entre o Ocidente e os países lusófonos, evitando que estes sejam pressionados a escolher entre blocos políticos opostos.
Conclusão
Portugal enfrenta um desafio estratégico complexo na sua relação com a CPLP. A influência crescente da Rússia e da China nos países lusófonos representa uma ameaça à sua posição histórica e ao equilíbrio geopolítico no Atlântico. O país terá de agir com diplomacia e visão estratégica para garantir que continua a ser um parceiro relevante para a CPLP, sem comprometer os seus compromissos ocidentais. Caso contrário, arrisca-se a perder um dos seus principais ativos de influência global.
Créditos para IA, chatGPT e DeepSeek (c)