O Preço da Ideologia: Quando a Política se Afasta do Mérito e da Competência

Nos últimos anos, Portugal, como muitos outros países ocidentais, tem-se deixado levar por uma onda de ideologias que, sob a bandeira da inclusão e da modernidade, acabam por enfraquecer as sociedades e comprometer o seu futuro. A obsessão com quotas, identitarismo e políticas de inclusão forçada pode parecer bem-intencionada, mas, na prática, tem gerado um ambiente de mediocridade, incompetência e desmotivação.
A lógica de algumas destas medidas é simples: forçar a inclusão de determinados grupos, independentemente do mérito ou da capacidade, para corrigir desigualdades históricas ou promover diversidade. No entanto, quando a inclusão se sobrepõe à competência, o resultado é previsível—decisões ineficazes, produtividade em queda e um sistema onde os melhores são desvalorizados.
O Papel dos Partidos Políticos
Os partidos políticos, sempre em busca de popularidade e votos, não tardaram a aderir a estas agendas. Numa tentativa de parecerem modernos e alinhados com as “tendências internacionais”, adotaram um discurso progressista que, na prática, pouco contribui para resolver os problemas reais do país. O discurso da igualdade e da justiça social tornou-se uma ferramenta de marketing político, mas a sua aplicação raramente resulta em melhorias concretas.
Enquanto se fala de “representatividade”, “inclusão” e “justiça social”, os problemas estruturais continuam a agravar-se. Portugal tem uma das mais baixas taxas de produtividade da Europa, uma carga fiscal esmagadora e uma burocracia que trava qualquer tentativa de inovação ou crescimento. Em vez de atacar estas questões com reformas sérias e políticas que incentivem o mérito e o empreendedorismo, os governos optam por medidas simbólicas que apenas dão a ilusão de progresso.
O Custo da Mediocridade
Ao transformar a sociedade numa máquina de quotas e privilégios ideológicos, cria-se um ambiente onde o esforço e o talento deixam de ser os principais critérios de valorização. Os jovens são educados num sistema onde o importante é cumprir requisitos sociais e não desenvolver competências reais. As empresas, pressionadas por estas políticas, são forçadas a contratar com base em critérios políticos em vez de objetivos. E, no fim, o país como um todo paga o preço: menos inovação, menos crescimento e menos oportunidades para todos.
O resultado desta tendência já pode ser observado em diversas áreas. Setores essenciais, como a educação e a administração pública, estão cada vez mais dependentes de políticas de facilitação e nivelamento por baixo. Os mais talentosos acabam por procurar oportunidades no estrangeiro, onde a competência ainda é valorizada, enquanto Portugal continua a assistir ao esvaziamento do seu potencial humano.
O Caminho Alternativo
A solução não passa por rejeitar completamente a inclusão ou a diversidade, mas sim por garantir que estas não se sobrepõem ao mérito e à competência. Uma sociedade saudável deve oferecer oportunidades para todos, mas sem comprometer a exigência e a qualidade. É preciso recuperar a cultura de esforço e premiar quem se destaca, independentemente da sua origem, género ou condição social.
Portugal tem desafios muito mais urgentes do que seguir modas ideológicas importadas. Se o foco continuar a ser a aparência em vez da substância, o país continuará a afundar-se na mediocridade, enquanto os verdadeiros motores do progresso—trabalho, inovação e excelência—são ignorados em nome do politicamente correto.
O futuro depende de escolhas. Podemos continuar a apostar na ilusão de progresso baseada em slogans e quotas ou enfrentar a realidade e construir um país onde o mérito volta a ser o fator determinante para o sucesso. A questão é: queremos um Portugal competitivo e próspero ou apenas um país que segue tendências sem rumo?
Francisco Gonçalves
e-mail: francis.goncalves@fgoncalves
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Imagem gerada pelo ChatGPT (c)