O Mito do “Super-Homem” de TI: O Que as Empresas Deveriam Realmente Procurar?

Se procurarmos anúncios de emprego na área de TI, é comum encontrarmos listas de requisitos absurdamente longas. Parece que as empresas querem contratar um “unicórnio” que domine todas as tecnologias existentes, desde administração de sistemas até desenvolvimento full-stack, passando por segurança, DevOps, cloud computing, inteligência artificial e até suporte técnico.
O problema? Esse profissional simplesmente não existe.
O Erro na Mentalidade de Recrutamento em TI
Há várias razões para essa tendência de exigências irreais:
- Desconhecimento por parte dos RH – Muitos recrutadores copiam e colam requisitos de diferentes vagas, sem compreender as reais necessidades do cargo. Isso resulta em perfis de candidatos impossíveis de encontrar.
- Tentativa de eliminar o risco – Em vez de apostar em profissionais que possam aprender no trabalho, as empresas procuram alguém que já tenha experiência direta em todas as ferramentas que utilizam. Isso limita drasticamente o número de candidatos disponíveis.
- Falsa crença de que mais competências significa melhor profissional – Um programador pode ser excelente em Python, mas não precisa dominar Java, C#, Ruby e mais cinco linguagens ao mesmo tempo. A profundidade do conhecimento e a capacidade de resolução de problemas são muito mais importantes do que a quantidade de tecnologias no currículo.
- Mudanças tecnológicas constantes – A tecnologia evolui tão rápido que aquilo que é exigido hoje pode já estar obsoleto em poucos anos. O que realmente importa é a capacidade de adaptação, e não um conhecimento enciclopédico de ferramentas que amanhã podem não ter relevância.
O Que as Empresas Deveriam Procurar?
Em vez de criar listas intermináveis de requisitos técnicos, as empresas deveriam focar-se em três aspetos fundamentais:
- Fundamentos sólidos – Um bom profissional de TI deve ter uma base forte em áreas como algoritmos, redes, sistemas operativos e segurança. Isso permite-lhe aprender novas tecnologias com facilidade.
- Capacidade de aprendizagem contínua – A tecnologia muda constantemente, e a habilidade de aprender sozinho, estudar novas ferramentas e adaptar-se às mudanças é muito mais valiosa do que conhecer uma stack específica no momento da contratação.
- Pensamento crítico e resolução de problemas – As empresas precisam de profissionais que saibam como abordar desafios, analisar problemas e encontrar soluções eficazes. Isso vale muito mais do que um candidato que apenas sabe usar um conjunto específico de ferramentas.
Conclusão
O mercado de TI precisa de mudar a sua mentalidade de recrutamento. Em vez de tentar contratar “super-homens” que dominam todas as tecnologias existentes, as empresas deveriam valorizar a capacidade de adaptação, inovação e aprendizagem contínua.
O verdadeiro talento em TI não está no número de frameworks que alguém conhece, mas sim na capacidade de resolver problemas e evoluir com o tempo. O que as empresas precisam não são “unicórnios”, mas sim profissionais capazes de crescer com a tecnologia – e isso faz toda a diferença.
e-mail: francis.goncalves@gmail.com