A Preocupante Narrativa de Militares Portugueses em Favor da Rússia de Putin

Nos últimos anos, a guerra na Ucrânia tem sido um dos temas centrais do debate geopolítico, com a Europa e os Estados Unidos a unirem esforços para conter a agressão russa. No entanto, em Portugal, tem-se assistido a um fenómeno preocupante: a presença mediática de antigos militares, como os major-generais Agostinho Costa e Carlos Branco, que frequentemente assumem posturas que coincidem com a propaganda do Kremlin.
Quem são Agostinho Costa e Carlos Branco?
O major-general Agostinho Costa é um militar na reserva que ganhou notoriedade como comentador de geopolítica na CNN Portugal. Ao longo dos seus comentários, tem frequentemente relativizado os crimes de guerra cometidos pela Rússia na Ucrânia, criticado o apoio militar do Ocidente a Kiev e, por vezes, chegado a sugerir que a NATO tem culpa no conflito, uma narrativa alinhada com a estratégia russa de desinformação.
Já o major-general Carlos Branco tem um percurso semelhante. Com experiência na NATO e nas Forças Armadas Portuguesas, Carlos Branco tem-se destacado por opiniões que minimizam a ameaça russa e, tal como Agostinho Costa, critica abertamente o papel dos aliados ocidentais no conflito. Ele também participou no Estado-Maior Internacional da NATO, o que torna as suas declarações ainda mais contraditórias.
A Contradição de Quem Viveu da NATO e Agora Apoia Putin
Ambos os generais passaram décadas a servir em estruturas que fazem parte da defesa ocidental e da NATO, beneficiando da estabilidade e do apoio que estas organizações proporcionam. No entanto, agora adotam discursos que, na prática, favorecem um regime autoritário que não apenas ameaça a soberania da Ucrânia, mas também coloca em risco a segurança europeia.
É um caso clássico de contradição: como é possível que alguém que serviu num bloco militar ocidental, cuja missão é garantir a defesa coletiva contra ameaças como a Rússia, agora critique os esforços para travar essa mesma ameaça?
A Influência da Propaganda e a Guerra Híbrida
A Rússia de Putin não utiliza apenas tanques e mísseis para alcançar os seus objetivos. A desinformação e a guerra híbrida são estratégias fundamentais para desestabilizar a opinião pública no Ocidente. Através de redes de propaganda e financiamento oculto, o Kremlin espalha narrativas que promovem divisões internas nos países europeus, colocando a NATO e a União Europeia em xeque.
O facto de generais portugueses repetirem argumentos semelhantes aos da propaganda russa levanta sérias questões. Será que são apenas análises pessoais enviesadas? Ou há uma influência mais profunda, seja por interesses financeiros, ideológicos ou até estratégicos?
Os Riscos para Portugal e a Europa
O discurso destes militares na reserva não é apenas um problema de opinião pessoal. Quando figuras com credibilidade e experiência militar promovem ideias que enfraquecem a posição de Portugal e da NATO, contribuem para a desinformação e para a divisão política.
Além disso, essas narrativas podem ser exploradas por partidos populistas e extremistas, que frequentemente são apoiados pela Rússia para desestabilizar democracias europeias. O financiamento de partidos de extrema-direita e pró-Putin em vários países da Europa já é um facto bem documentado.
A Importância da Vigilância Crítica
É essencial que a sociedade portuguesa esteja atenta e avalie com senso crítico as declarações destes generais na reserva. A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas quando essa liberdade é usada para propagar desinformação e minar os interesses nacionais e europeus, é preciso denunciar e debater de forma séria.
Os media também têm responsabilidade neste processo. Dar palco constante a comentadores que reforçam narrativas que beneficiam regimes autoritários sem um contraditório adequado é perigoso. A imprensa deve ser rigorosa na análise dos factos e evitar ser um canal de disseminação de propaganda indireta.
Conclusão
A posição de antigos militares portugueses como Agostinho Costa e Carlos Branco em relação à Rússia e à guerra na Ucrânia levanta preocupações sérias. Num momento em que a Europa luta para manter a sua segurança e soberania, discursos que relativizam ou até justificam a agressão russa são um risco real.
Cabe aos portugueses e às instituições do país garantirem que a verdade prevaleça sobre a desinformação e que Portugal continue a ser um aliado firme dos valores democráticos e da defesa da liberdade contra ditaduras e regimes opressores.
Francisco Gonçalves
e-mail: francis.goncalves@gmail.com