Corrupção,  Democracia Directa,  Mediocridade,  Nepotismo

O Outono das Democracias — A Última Ilusão da Representatividade

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As democracias ocidentais, que outrora representaram a esperança de sociedades mais justas, mais livres e mais conscientes, encontram-se hoje em acelerado processo de degeneração estrutural.

Sustentadas por um modelo falhado, tornaram-se incapazes de se renovarem. A promessa de regeneração que carregavam no final do século XX desvaneceu-se num mar de hipocrisia, corrupção e alienação política.

A distância entre governantes e governados nunca foi tão abismal. Os partidos políticos tornaram-se aparelhos de reprodução de poder, impermeáveis à sociedade civil. As elites, muitas vezes corruptas e vazias de visão, vivem sustentadas pelo povo contribuinte, preso num novelo de impotência, conformismo e desinformação.

Hoje, votar tornou-se um ritual sem consequência. Elegem-se rostos diferentes para cumprir os mesmos desígnios ocultos. A representatividade é uma farsa — os eleitos não representam, apenas substituem-se uns aos outros na manutenção do mesmo ciclo de estagnação.

O povo deixou de ser soberano. Foi transformado em espectador da sua própria servidão democrática. A cidadania cedeu lugar ao consumo. A participação foi trocada por indignação nas redes sociais. E a liberdade foi trocada por entretenimento político.

A democracia representativa chegou ao seu outono. Já não floresce. Já não promete. Já não protege.

Resta a pergunta: e agora?

As falsas reformas não resolvem. As revoltas desorganizadas servem apenas o reforço do controlo. Resta o caminho mais difícil, mais necessário, mais lúcido: a construção de um novo paradigma democrático.

Uma democracia direta, transparente, descentralizada. Onde os cidadãos possam legislar, decidir, auditar, revogar, propor — sem intermediários profissionais da ilusão. Onde a tecnologia seja aliada da verdade, e não ferramenta de manipulação.

Este outono é o tempo da queda. Mas também pode ser o tempo da semente. Que caia, pois, a última ilusão da representatividade — para que nasça, com firmeza, a dignidade da soberania cidadã.


Artigo da autoria de Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos

Para mas informação, leia por favor sobre como o povo da Islândia resolveu este falhanço ou o livro sobre democracia directa na Biblioteca gratuita de Fragmentos do Caos

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Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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