Corrupção,  Nepotismo,  Sátira Política

“O Bastonário e o Riso Proibido: Crónica de um Regime Ofendido”

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Na grande ópera bufa da nação pardacenta, entra em cena o bastonário-censor, João Massano, com a gravidade de quem carrega nos ombros o peso das instituições… e a leveza de quem parece não saber distinguir entre sátira e sedição.

Com ar grave e olhos de quem viu coisas feias (como piadas inconvenientes), Massano declara solenemente que “a decisão do caso Anjos permitirá perceber os limites do humor e da liberdade de expressão”. Eis o novo inquisidor da piada, armado não com cruz, mas com Código Penal e gravata de gala.

Sim, senhoras e senhores, parece que estamos todos sentados no tribunal do riso, onde a liberdade de expressão tem de pedir licença e o humor precisa de bula carimbada pela Ordem dos Advogados.

Ora vamos lá aos factos:

  • Humor? Só até à fronteira do confortável.
  • Liberdade de expressão? Sim, mas só se não incomodar os sensíveis de fraque.
  • Piadas? Permitidas, desde que passem pela comissão de bom gosto e não usem palavras com “muito sal”.

O que o douto bastonário parece esquecer é que o humor é o sismógrafo da liberdade. Quando os regimes tremem perante uma piada, é porque as fundações estão podres. E se há algo que este regime teme mais do que investigações, auditorias ou manifestações… é o escárnio. O riso descontrolado. A irreverência que os despenteia e expõe.

O caso Anjos — que, ironicamente, envolve o céu da música ligeira — tornou-se agora o altar onde se tenta crucificar a liberdade com cravos de veludo. Já não se trata apenas de um julgamento sobre uma possível ofensa; trata-se de um duelo entre a República das Formalidades e a Resistência da Gargalhada.

Preparem-se: virão tempos em que os palhaços serão julgados por não usarem gravata, os cartoonistas por desenharem com demasiada acidez, e os escritores por usarem adjetivos inflamáveis. Talvez até os comediantes sejam obrigados a submeter os seus textos ao Ministério da Comédia Apropriada.

Mas enquanto o bastonário traça limites ao humor, o povo — esse bicho indomável — continua a rir nas tabernas, nas redes, nas calçadas. Porque o riso é a última trincheira. E quando um regime tenta controlá-lo, já entrou na fase terminal do ridículo.


Um artigo de Augustus Veritas com o seu habitual estilo de sátira social.

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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