Democracia e Sociedade

A Nova Era Trump: Nacionalismo, Protecionismo e Caos Geopolítico

Desde que Donald Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos no início de 2025, a sua administração tem seguido uma linha dura, marcada pela redução do papel do Estado, pelo protecionismo económico e por uma política externa imprevisível. Com Elon Musk na liderança do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental e J.D. Vance como vice-presidente, o governo tem avançado rapidamente com medidas que desafiam a ordem estabelecida, tanto a nível interno como no plano internacional.

Desmantelamento do Estado e Conflitos de Interesse

Uma das primeiras ações de Trump foi a drástica redução do funcionalismo público, alegadamente para “desinchar o governo” e aumentar a eficiência. Milhares de funcionários federais foram despedidos, enquanto Elon Musk foi encarregado de reformular a burocracia estatal com base nos princípios empresariais das suas próprias empresas. Esta decisão levantou sérias preocupações sobre conflitos de interesse, uma vez que Musk continua a liderar a Tesla, a SpaceX e a X (antigo Twitter), todas elas com contratos governamentais significativos.

Além disso, Trump tem favorecido isenções fiscais para grandes corporações e desregulamentações ambientais e laborais, sob o pretexto de impulsionar a competitividade americana. Economistas e ambientalistas alertam que estas políticas podem provocar retrocessos sociais e económicos a longo prazo, aumentando a desigualdade e os danos ambientais.

Protecionismo e Guerra Comercial com a União Europeia

Outra característica marcante do segundo mandato de Trump tem sido a imposição de pesadas tarifas sobre importações estrangeiras, com especial incidência sobre produtos da União Europeia e da China. O objetivo declarado é proteger a indústria americana e reduzir o défice comercial, mas a medida já levou a retaliações por parte da UE, que instaurou tarifas sobre produtos norte-americanos, intensificando uma guerra comercial que poderá ter consequências negativas para o crescimento global.

Os líderes europeus manifestaram o seu descontentamento com esta postura agressiva dos EUA, acusando Trump de minar a cooperação transatlântica. O novo chanceler alemão, Friedrich Merz, e o presidente francês, Emmanuel Macron, estão a liderar esforços para reduzir a dependência da Europa face aos Estados Unidos, fortalecendo parcerias alternativas, como o acordo comercial UE-Mercosul e uma aproximação à China.

Relação Próxima com Putin e Enfraquecimento da NATO

Uma das decisões mais controversas do governo Trump tem sido a sua reaproximação a Vladimir Putin. A Casa Branca anunciou uma nova política de “cooperação estratégica” com a Rússia, o que gerou apreensão entre os aliados históricos dos EUA. Trump já declarou que não pretende intervir militarmente em caso de agressão russa contra países da NATO, pondo em causa a credibilidade da aliança.

Esta mudança tem implicações profundas. Países da Europa de Leste, como a Polónia e os Estados Bálticos, aumentaram os seus gastos militares, antecipando um possível abandono da proteção americana. A União Europeia, por sua vez, anunciou planos para criar uma força de defesa própria, reduzindo a sua dependência militar dos Estados Unidos.

Radicalização Política e Polarização Interna

No plano interno, Trump aprofundou ainda mais a polarização política. O seu governo tem perseguido opositores políticos, promovido investigações contra democratas e reforçado o controlo sobre instituições-chave, como o Departamento de Justiça e o Supremo Tribunal. Elon Musk, através das suas plataformas digitais, tem sido um aliado na propagação de narrativas favoráveis ao governo e na descredibilização de críticos.

Movimentos de extrema-direita ganharam força com o respaldo da administração, enquanto protestos contra as políticas de Trump são reprimidos com mão pesada. O ambiente político está cada vez mais tenso, com receios de que as eleições de 2028 possam ser marcadas por mais instabilidade.

Conclusão

As políticas de Trump nesta nova fase da sua presidência refletem um projeto de poder autoritário, protecionista e nacionalista, que desafia a ordem mundial estabelecida e ameaça a estabilidade interna dos EUA. Enquanto os seus apoiantes celebram um “America First” ainda mais radical, o resto do mundo observa com preocupação os impactos desta guinada. O que Trump pretende alcançar com estas medidas? O fortalecimento da economia americana, a perpetuação do seu poder ou simplesmente a destruição do sistema vigente para construir algo novo? O futuro dos EUA e da geopolítica global está em jogo.

Francisco Gonçalves

Créditos para IA, DeepSeek e chatGPT (c)

Francisco Gonçalves, com mais de 40 anos de experiência em software, telecomunicações e cibersegurança, é um defensor da inovação e do impacto da tecnologia na sociedade. Além da sua actuação empresarial, reflecte sobre política, ciência e cidadania, alertando para os riscos da apatia e da desinformação. No seu blog, incentiva a reflexão e a acção num mundo em constante mudança.

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